Escolas estaduais ocupam espaço importante na manutenção da cultura indígena no Tocantins

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Como na definição em Akwê Xerente: “rom waskuwẽ rowahtuze” (a escola é a casa do saber e da cultura), dada pelo diretor da Escola estadual Indígena Sakruiwẽ, da Aldeia Funil, em Tocantínia, Gilberto Srõzdazê Xerente, a Educação Indígena no Tocantins valoriza as línguas e os conhecimentos de cada Povo nas 108 aldeias, das 165 existentes no Estado,  atendidas pela rede estadual de ensino.

São 5.469 alunos entre crianças e jovens em idade escolar, bem como adultos com interesse em se alfabetizar atendidos em todo o Estado. Esse último é o caso do aluno Renato Samuru Xerente, 46 anos, que voltou a frequentar a sala de aula ano passado, depois de mais de 10 anos longe da escola, e atualmente cursa o 7º ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“É interessante para a gente, para apreendermos mais alguma coisa, além do que vivemos na comunidade. Para quem não teve a oportunidade de estudar lá atrás, pode aprender a fazer ao menos a assinatura. É a possibilidade de termos outra atividade. Eu já estudei antes, agora voltei e estou aprendendo muita coisa”, ressaltou.

O aluno Arlielson Damsokẽ tem 11 anos, estuda no 5º ano do ensino fundamental, e já faz planos para o futuro, quer ser profissional da saúde. “Vou ‘medir’ a pressão das pessoas, vou ser doutor! Vou vir para cá atender as pessoas para ver se está tudo bem, quero cuidar de todo mundo. Aqui a gente aprende a ler escrever, aprende a cultura e estamos nos preparando”, disse.

Ensino

Os alunos estão matriculados nas Escolas Indígenas em suas aldeias, formadas pelos Povos: Apinajé, Xerente, Javaé, Karajá, Karajá Xambioá, Krahô e Krahô-Canela, atendidos pela Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), que garante o ensino a essas comunidades indígenas.

O ensino é intercultural, bilíngue e diferenciado na Educação Básica: anos iniciais e finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Vinte e cinco escolas já possuem o Ensino Médio, além de dois Centros de Ensino Médio: um para o Povo Karajá/Xambioá e outro para o Povo Xerente.

Para o professor das disciplinas de Língua Indígena e Saberes Indígenas, da Escola estadual Indígena Sakruiwẽ, da Aldeia Funil, em Tocantínia, Anderson Simrihu, formado em Educação Intercultural – Ciências da Linguagem pela Universidade Federal do Goiás (UFG), as escolas atualmente ocupam um espaço que era exclusivo dos anciões.

“A cultura é importante e a escola está sendo fundamental para poder fortalecer essa cultura, pois é a nossa identidade. Por isso, temos que fortalecer e continuar ensinando. Antigamente, eram os anciões que ensinavam, hoje, essa função está sendo ocupada pelos professores. Então, a escola está sendo importante na preservação e no fortalecimento da nossa cultura”, defendeu.

Intercâmbio

Atuando na Educação Indígena do Tocantins, desde 1999, a professora Renilva Couto Viana, apontou que a atuação dentro das aldeias é um importante meio de intercâmbio cultural. “Tem sido uma parceria muito boa de troca de conhecimento, cada dia mais eu aumento o meu vocabulário Akwẽ Xerente. Ao mesmo tempo que a presença do professor, que tem como primeiro idioma o Português, fortalece o ensino também e estamos aprendendo, ressaltou.

População Indígena

O Estado do Tocantins possui uma população indígena de aproximadamente 13.233 pessoas, que pertencem ao Tronco Macro-Jê, sendo três famílias linguísticas: Akwẽ (Xerente), Timbira (Apinajé, Krahô e Krahô-Kanela) e Iny (Karajá, Javaé e Xambioá), segundo a língua distribuída em sete povos indígenas no Estado do Tocantins, considerando ainda a existência de outros povos.

Dia do Índio

Comemorado em 19 de abril, o Dia do Índio foi criado pelo presidente Getúlio Vargas, por meio do Decreto-lei 5.540 de 1943. A data de 19 de abril foi proposta em 1940, pelas lideranças indígenas do continente que participaram do Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México.

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