Agricultura realiza levantamento para identificar e registrar a comida curraleira do Tocantins

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Sebereba, grolado, quiboró, ubere, jacuba, cuscuz, paçoca de carne de sol, paçoca de baru, farinha de puba, galinha caipira, arroz com pequi, fava, peixe, mandioca, milho, rapadura, caldo de cana, bolo de arroz, ovo caipira, bolo frito, quebrador são alguns dos alimentos que estão presentes todos os dias na mesa do tocantinense. A fim de identificar e registrar a comida raiz e o seu sabor curraleiro, o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), está fazendo um levantamento em todos os municípios do Estado. Entre os dias 1º e 4 deste mês, a região visitada foi a do Jalapão.

Nessa região, a presença de turistas é frequente e o que ele quer conhecer além das atrações turísticas é a gastronomia local. “A identidade do Estado está presente na comida curraleira que é aquela preparada com produtos da agricultura familiar e tem cor, sabor e tradição. O saber fazer, preparar, é específico de cada comunidade e o turista prova e aprova o sabor. Levar pra casa rapadura, farinha, produtos com frutos do Cerrado para lembrança do gosto ou para presente, é algo natural de quem viaja. O Governo do Tocantins trabalha no conceito do fortalecimento da identidade do povo, onde haverá um selo de certificação daquele produto que tem história familiar e está presente no dia a dia do tocantinense, vindo a ser fonte de renda de muitas famílias”, explica o secretário da Seagro, Thiago dourado.

O trabalho realizado nos municípios está sendo de forma integrada das diretorias de Agricultura, Agronegócio e Pecuária e a Diretoria de Agrotecnologia, Tecnologias Sociais e Sociobiodiversidade da Seagro. Para a coordenadora da ação, a gerente de Fomento à Agroindústria, a engenheira de alimentos, Verônica França, as receitas curraleiras se destacam pela forma específica de como é preparada, servida e consumida no Tocantins. “Quando conhecemos e experimentamos a comida curraleira, percebemos que ela representa as nossas raízes (quilombolas, indígenas) com alimentos da agricultura familiar da região. Ao vivenciarmos o preparo, ouvimos as histórias dos antepassados que ensinaram o jeito de preparar, e assim identificamos novas oportunidades. Reconhecemos que nem sempre é fácil aliar sabor e tradição aos requisitos da legislação sanitária de alimentos, é preciso um novo olhar, com mais razoabilidade para diferenciar o essencial do excesso, quando o assunto é o das comunidades tradicionais. Nas visitas, tivemos a experiência conhecer todas as etapas de produção e verificamos as vocações e a habilidade para melhor aplicar as políticas públicas que já temos no Governo do Tocantins”, pontua Verônica França.

Para a gerente de Sociobiodiversidade da Seagro, Dilciane Viana, o trabalho realizado é muito importante para a valorização dos agroextrativistas, “são eles que trabalham com os frutos do Cerrado, frutos da sociobiodiversidade e certificar o que eles já produzem como rapadura, doces, farinha vai motivar de maneira significativa no processo produtivo das comunidades”, destaca a gerente.

Relatos

Do Quilombo Mumbuca, que fica entre o município de Mateiros e São Félix do Tocantins, ouvimos um relato emocionado feito pela quilombola Antonia Ribeiro da Silva. “Nunca esqueci que, desde pequena, eu ajudava meus pais a plantar a mandioca, a arrancar da terra, lavar, descascar, cortar, pegar os temperos como pimenta de macaco e colocar no fogo junto com carne de sol para preparar o quiboró. Quando servimos para os turistas que visitam nossa Comunidade, a gente sempre ouve: qual o nome do prato? Respondemos: quiboró. Eles sorriem e dizem: muito obrigado por essa comida que é uma delicia, com um sabor que nunca comi e nunca vou esquecer.” Antonia Ribeiro da Silva ainda descreve como é preparado e que tem sido ensinado do mesmo jeitinho da época dos escravos.

Para o agricultor familiar Juraci Montezuma da Comunidade Quilombola do Prata, a rapadura mais gostosa da região é a que ele produz, a afirmação vem de todos que experimentam. Com um sorriso no rosto, ele conta que aprendeu com os pais e já ensinou para os filhos. “Tudo aqui é do meu quintal, desde o mel com abelhas da região, até o café que bebo. Para o preparo da rapadura, eu colho a cana de açúcar, produzo desde a tradicional, como a com casca de buriti. Também fazemos outros doces com frutos do Cerrado. Com um selo de comida curraleira, a gente vai poder dizer, ao turista, que é reconhecido em todo o Estado”, se orgulha Juraci.

Equipes da Seagro ainda vão percorrer outras regiões do Tocantins, afim de, além de identificar e registrar as comidas curraleiras, promover a regularização das pequenas agroindústrias e trabalhar na organização de toda a cadeia produtiva.

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