Exclusivo Da Redação
O retorno das aulas presenciais, após momentos críticos da pandemia, em Paraíso do Tocantins, revelaram o mundo obscuro vivido por crianças e adolescentes que foram vítimas de agressões e estupros no período em que as escolas foram fechadas.
As vítimas revelaram seus casos, ou o as mudanças de comportamentos foram observadas por profissionais de escolas ou creches, devido suas experiências, que imediatamente acionaram o Conselho Tutelar da cidade. Porém são muitas as formas de agressões, que chegaram a quase mil atendimentos só nos primeiros meses de 2021.
Procurado por nossa Reportagem, o Conselho Tutelar apresentou a grande demanda de atendimento realizados em 2021. Com o fechamento das escolas, os casos de estupro contra menores diminuíram. No entanto, a diminuição dos registros não significava que eles não estivessem ocorrendo silenciosamente.
Na realidade, as vítimas apenas não tinham a quem recorrer. A presidente do Conselho Tutelar local, Elcivania Barros (Pretinha), revelou que escolas e creches são as principais portas de entrada das denúncias de abusos contra menores. “As crianças confiam muito em professores, diretores e coordenadores escolares” disse.
Ao retornarem às escolas, várias crianças, que no período de aulas remotas foram vítimas de agressões, se abriram com seus professores sobre os acontecimentos. Daí o número de casos triplicou em agosto, em relação aos meses anteriores.
Se de janeiro a julho foram registrados apenas 3 casos, de 2 a 25 de agosto os casos estão entre 9 e 11 (alguns sendo confirmados enquanto esta matéria estava sendo concluída) envolvendo crianças entre 3 e 10 anos de idade.
Apesar do trabalho que é realizado pelo Conselho, muitos paraisenses, por não saberem como funcionam o órgão, ainda consumam criticar o trabalho dos conselheiros tutelares, sem ter conhecimento do que realmente é realizado em prol dos menores.
Veja abaixo relação de atendimento dos primeiros 6 meses de 2021:
Detalhe: O estupro de uma criança de 9 anos ocorrido recentemente em Paraíso, e que posteriormente provocou a morte de um inocente que teve o corpo carbonizado, não foi registrado pelo Conselho Tutelar. Dados mostram que vários outros casos de estupro e agressões ocorrem diariamente, sem que as autoridades tomem conhecimento.
Em vários casos, familiares preferem o silêncio pelo fato de o agressor, ser uma pessoa próxima, como tio, namorado ou esposo da mãe. Ou seja, a maioria acontece em casa.
A PERCEPÇÃO DA ESCOLA:
A Presidente do Conselho Tutelar de Paraíso disse que é muito importante a relação de confiança entre os alunos e seus professores. Ainda de acordo com ela, o fato de as escolas serem a porta de entrada das denúncias demonstra a necessidade dessa percepção por parte dos educadores para que a criança seja socorrida.
“É de fundamental importância essa percepção, porque os educadores são os profissionais habilitados para isso. Crianças e adolescentes passam a maior parte do tempo em casa e na escola, e com essa percepção, na hora os professores já percebem porque a criança muda completamente seu comportamento ficando mais agressiva ou mas tímida, em um cantinho separado. Por isso essa parceria é muito importante” disse a Presidente.
COMO FUNCIONA O CONSELHO TUTELAR:
A população e as próprias autoridades fazem confusão em relação ao trabalho que é desenvolvido pelos conselheiros tutelares. Importante deixar claro que o Conselho é um órgão que é requisitor, e não executor.
“As pessoas se confundem e pensam que fiscalizar bares, boates e congêneres, é papel do Conselho e isso não é verdade. Nesses casos elas devem ligar para a Polícia ou outros órgãos fiscalizadores e denunciar quem entrega ou vende bebidas para um menor. Essa é uma obrigação desses órgãos e dos pais. Depois é que entra o trabalho do Conselho Tutelar” explica Elcivania Barros (Pretinha).
Atualmente o Conselho Tutelar de Paraíso é um dos que tem a melhor estrutura do Estado do Tocantins. Além disso, o extenso trabalho realizado pelos cinco profissionais que compõem o Conselho é visto como excepcional. Importante que a comunidade se torne parceira e ajude a combater os crimes contra a criança e o adolescente.
Matéria exclusiva do Portal Benício